As pessoas dizem que precisamos falar pra não morrermos afogados em nossas palavras não ditas, mas sequer entendem que muitas vezes o que é pensado, não deve ser dito.
Vivo com a constante sensação de que estou sempre morrendo na praia, apesar de nadar de braçada mesmo depois de naufragar infinitas vezes.
E se cada naufrágio fosse um sinal para que eu desistisse? E ainda assim, eu cismo em continuar a seguir, sem mesmo saber quais as possibilidades de afogar ou até mesmo chegar até a praia e não ter mais forças para aproveitar a terra firme.
A cobrança em estar vivo e se fazer viver é tão intensa que é melhor viver sem estar verdadeiramente vivo do que morrer em plena consciência de que se viveu o que tinha de viver.
A dor corrói as entranhas daqueles que a sentem por inteira e, por mais árdua que seja a tarefa de não desistir, a desistência parece estar até mesmo quando você parece persistir.
Mascarar o que estamos verdadeiramente vivendo nos fazem sentir duplamente covardes com nosso próprio eu. Sentir dores, nadar e morrer na praia quantas vezes forem necessárias definem aqueles que se consideram humanamente perdedores quando na verdade somos infinitamente corajosos por persistimos até quando a nossa própria consciência suplica para que desistamos em todos os instantes.