Pra quem sabe ler...


As pessoas dizem que precisamos falar pra não morrermos afogados em nossas palavras não ditas, mas sequer entendem que muitas vezes o que é pensado, não deve ser dito.
Vivo com a constante sensação de que estou sempre morrendo na praia, apesar de nadar de braçada mesmo depois de naufragar infinitas vezes.
E se cada naufrágio fosse um sinal para que eu desistisse? E ainda assim, eu cismo em continuar a seguir, sem mesmo saber quais as possibilidades de afogar ou até mesmo chegar até a praia e não ter mais forças para aproveitar a terra firme.
A cobrança em estar vivo e se fazer viver é tão intensa que é melhor viver sem estar verdadeiramente vivo do que morrer em plena consciência de que se viveu o que tinha de viver.
A dor corrói as entranhas daqueles que a sentem por inteira e, por mais árdua que seja a tarefa de não desistir, a desistência parece estar até mesmo quando você parece persistir.
Mascarar o que estamos verdadeiramente vivendo nos fazem sentir duplamente covardes com nosso próprio eu. Sentir dores, nadar e morrer na praia quantas vezes forem necessárias definem aqueles que se consideram humanamente perdedores quando na verdade somos infinitamente corajosos por persistimos até quando a nossa própria consciência suplica para que desistamos em todos os instantes.

Tá tudo bem!


Diante de tudo o que estamos vivendo nesse mundo atual, algumas coisas estão se tornando romantizadas -quando na verdade deveriam ser tratadas, outras estão se tornando superestimadas - quando na verdade, são completamentes normais do cotidiano humano. Entre tantas coisas que nos acontecem todos os dias, alguns sentimentos "tá tudo bem" em senti-los...
Tá tudo bem, se sentir triste de vez em quando, porque o seu cabelo não "acordou de bom humor", ou porque você queria que aquele ente querido que faleceu estivesse aqui... A tristeza é um sentimento cotidiano, e cada um sabe a dor e a importância que dá...
Tá tudo bem, ser um pouco rude e dizer alguns "nãos" por simplesmente não estar em um bom dia ou por não estar afim mesmo...
Tá tudo bem não estar afim, é sério! Você não precisa fazer tudo o que é dito e pré estabelecido pra ser feito, como por exemplo, ligar pra sua mãe ou pro/a seu/sua namorado/a (paquera, ficante, affair, crush...)...
Tá tudo bem, não querer delimitar e classificar o relacionamento que você tem com outra pessoa, uma vez que vocês estão em comum acordo com isso...
Tá tudo bem em querer namorar, ter um relacionamento aberto, ser solteiro, ser gay ou hétero, ser drag, bissexual (...), tá tudo bem desde que esteja se sentindo completo e feliz sendo quem você é...
Tá tudo bem, não saber quem exatamente você é, não é preciso definir se você é introvertido, alegre, tímido (...), o autoconhecimento é importante? É. Mas não é obrigatório, você precisar estar em contato com o seu verdadeiro eu para entender como você é, e que, às vezes você pode mudar...
E tá tudo bem em mudar as vezes (ou sempre), seja de endereço, seja de cabelo, seja o emprego, a personalidade, amigos, namorados, contatos e por aí vai... Tá tudo bem!
As condições do "tá tudo bem" em se sentir como você se sente, em ser quem você é, em fazer o que quer fazer, ir onde quiser ir, em querer o que você quiser (dentre tantos outros) é apenas entender que o respeito é necessário, a compaixão com o outro ajuda no processo e torna-o mais leve.
Cada um carrega uma história, venceu uma batalha interna ou ainda está lutando e, entender que o outro ser humano é um reflexo de você mesmo, faz com que a gente entenda que é ainda mais fácil tolerar, aceitar, amar e respeitar aquilo que você não concorda, mas que para o outro faz parte da essência dele. E tá tudo bem em não concordar, só não está tudo bem em desesrespeitar, desumanizar e denegrir o outro, tentando fazê-lo se encaixar nas suas verdades.