Utopia De Um Anjo



Já não sei mais quem é o Anjo da situação...
Estranho!
O vi deitado em terra infértil,
com a cabeça levemente inclinada para o lado esquerdo;
com os olhos cerrados, havia lágrimas neles,
elas pareciam escorrer incessantemente ao encontro do chão,
afinal a gravidade é mesmo poderosa!
O seu rosto, não era mais o mesmo,
não havia mais aquela beleza de uma pele macia,
havia expressão de dor,
uma dor extremamente insuportável,
seus lábios estavam ressequidos de um líquido diferente,
parecia um licor,
talvez era o licor de toda a sua doçura lhe escapando pela boca;
Ninguém o viu, só eu!
Disso eu tenho certeza.
Seu celular tocava,
tentava mesmo que inutilmente lhe proteger,
as pessoas que passavam eram apressadas demais para perceber,
todos esses detalhes em você.
Nesse momento, quando você resolveu abrir os olhos
deu-me a impressão que queria me ver
mas não via,
queria sentir, mas só sentia dor;
queria me ouvir, mas o silêncio estava verdadeiramente ensurdecedor.
Agonia, era isso que você deveria estar sentindo...
Minha vontade foi de me transformar em anjo,
cuidar de você, te ajudar,
mas não posso, porque sou humana demais
e humanos não desejam ser anjos,
porém eu desejei, vai ver sou diferente.
O que me intriga é saber que acontece uma contradição:
protegidos que se preocupam com seus anjos,
não vice e versa!
Eu não sou anjo e me preocupei.
De forma inexplicável coloquei-me a chorar
com a sensação de que cometi um dos maiores pecados:
Quis ser anjo porém preocupei-me com o meu, e tudo foi em vão!
Simplesmente uma inútil tentativa de me tornar útil.
Perdoe-me, preocupe comigo, ao invés do contrário.
Embora eu me sinta realmente como um ser celestial
Não vou me confundir, afinal,
o Anjo aqui não sou eu.

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